A Organização Mundial de Saúde participa no XI Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP) que se realiza pela primeira vez no arquipélago de São Tomé e Príncipe.

Aberto pelo Chefe de Estado, Carlos Vila Nova, o XI CMLP foi organizado conjuntamente pela Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe (ORMED - STP) e pela Comunidade Médica de Língua Portuguesa. O tema principal é "A Oncologia no espaço lusófono".

Mais de 120 participantes nacionais e internacionais estão a participar neste evento de dois dias no Hotel Pestana em São Tomé.

A OMS estima que ocorram cerca de 19 milhões de novos casos de cancro por ano em todo o mundo e que o cancro seja a segunda principal causa de morte, com mais de 10 milhões de mortes por ano. Na região africana, estima-se que ocorram 1,1 milhões de novos casos de cancro e 700.000 mortes por ano.

Em São Tomé e Príncipe, a Representante da OMS a.i. em São Tomé e Príncipe, Dra. Françoise Bigirimana, não perdeu a oportunidade de chamar a atenção para a situação, que é muito alarmante. Os cancros mais comuns, de acordo com os dados de 2021, são principalmente o cancro da próstata (14,6%), o cancro do estômago (11,9%), o cancro do pulmão (11,9%), o cancro da mama (10,6%) e o cancro do colo do útero (8,6%). No entanto, faltam serviços mínimos de rastreio, diagnóstico e de tratamento dos doentes.

A OMS apela aos Estados-Membros para que considerem o cancro como uma ameaça grave para a saúde pública. Insta os países a desenvolverem planos nacionais de controlo do cancro e a assegurarem que o cancro seja integrado nos cuidados de saúde primários, a fim de alcançar a Cobertura Universal de Saúde.

 A representante da OMS recomenda a criação de um Registo Nacional do Cancro e de serviços de rastreio, diagnóstico e tratamento do cancro em São Tomé e Príncipe, com o apoio de parceiros.

"A OMS está pronta a prestar apoio técnico, a colaborar e a mobilizar outros parceiros para promover um maior investimento no controlo do cancro. Se unirmos esforços e agirmos, podemos combater o cancro" sublinhou a Dra. Bigirimana.

O presidente santomense disse que dentro da comunidade dos países lusófonos, cada país está numa fase diferente na luta contra as patologias oncológicas e, por isso, considera de relevante e oportuna a realização deste 11º Congresso em São Tomé.

"Muito particularmente para São Tomé e Príncipe, esperamos que este congresso permita uma mudança de paradigma e que se encontrem e estruturem novas abordagens de acesso técnico e tecnológico de forma a diminuir o sofrimento das pessoas e famílias afectadas pelo cancro e assim reduzir os dispendiosos recursos afectos ao seu combate.

O Presidente Vila Nova desafiou a Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe a trabalhar com as autoridades de saúde do país após o congresso para definir uma estratégia nacional no domínio da oncologia.

A Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe sublinhou que o país carece de capacidades de diagnóstico precoce e de médicos especializados, de serviços de oncologia para cuidados e tratamentos e que os doentes são geralmente diagnosticados numa fase tardia.

A ORMED - STP pretende estreitar relações com os seus parceiros, atraindo actores públicos e privados com vista ao estabelecimento de protocolos de cooperação em áreas específicas como a luta contra o cancro, e em consonância com as estratégias de desenvolvimento do país.

O congresso abordará as ameaças à saúde pública com impacto na morbilidade e mortalidade além-fronteiras, como a infecção pelo vírus de Marburgo. Segundo a OMS, estes acontecimentos devem constituir uma oportunidade para reforçar o Regulamento Sanitário Internacional, a fim de prevenir e responder eficazmente, uma vez que têm um enorme impacto na saúde, na economia, no turismo e no desenvolvimento dos países.